domingo, 29 de julho de 2007

O VALOR DA AMIZADE.



O valor da amizadeTalvez no silêncio, o jovem de hoje encontre a paz e o desejo da amizade que pairam no coração como uma pluma, leve e hospedeira de amor. É importante crer que isto é possível
Mozart Neves Ramos
Nos últimos tempos, tenho me dedicado a observar com mais atenção determinados valores e atitudes que o stress do mundo contemporâneo, algumas vezes, não me permitia. O porquê desta mudança ainda não está claro para mim. Talvez pela necessidade de me tornar uma pessoa melhor para os que me cercam. Talvez pela necessidade de compreender melhor o mundo, as pessoas. Talvez porque não dei o tempo necessário, ao longo de minha vida, para abrir o coração e a mente a valores tão caros de nossa juventude. Não quero traduzir juventude com o número de anos vividos e sim como um eterno compromisso com os nossos ideais. Aristóteles, quando perguntado sobre o que é ser um amigo, dizia “é uma alma em dois corpos”. Não sei se os jovens de hoje podem naturalmente compreender o valor da amizade
. Será que o tempo acelerado desses novos tempos permite o tempo para isso? Às vezes, preocupa-me o pouco tempo que o jovem deste novo mundo, das amizades pela internet, tem para si e para os outros. O próprio sentimento de solidariedade será que faz parte da agenda dele? Se não tenho respostas claras para isso, preciso ao menos explicitar para eles as minhas inquietações. Talvez no silêncio, o jovem de hoje encontre a paz e o desejo da amizade que pairam no coração como uma pluma, leve e hospedeira de amor. É importante crer que isto é possível. Há uma bela mensagem de crença no amor infinito em direção a Deus, escrita por um prisioneiro judeu num campo de concentração: “creio no sol ainda quando não está brilhando, acredito no amor, ainda quando não sinto, acredito em Deus, ainda quando Ele está em silêncio”. Assim, quando vejo um jovem contemplativo, em silêncio, talvez ali ele esteja na busca desta amizade, em forma de amor e de paz. Roberto e Erasmo, os dois Carlos, nas suas canções, ensinaram aos jovens da minha geração um conceito puro de viver, de amizade, que surgia nos grupos de jovens apaixonados pela música. Era a geração Jovem Guarda, que até hoje encanta os jovens. Canções simples, mas que faziam surgir centenas de conjuntos (como eram chamadas as bandas naquela época) por este país afora. Um pouco já além desse tempo, eles compuseram a canção Amigo, que exalta a amizade e a fé entre dois companheiros. Há um trecho que diz “...às vezes, em certos momentos difíceis da vida, em que precisamos de alguém para ajudar na saída, a sua palavra de força, de fé e de carinho, me dá a certeza de que eu nunca estive sozinho ...” O que substituiu a geração Jovem Guarda? Francamente, não sei. Por isso, estou agora procurando compreender melhor esta nova geração. O que para ela foi legado? Como falar numa cultura de paz? Talvez a minha geração necessite exercitar a aproximação, a compreensão. E foi assim que ouvi da minha filha caçula, Marília – chamada carinhosamente pelos amigos por Lila – uma das mais belas respostas sobre o sentimento da amizade. Certa vez lhe perguntaram: “Marília, Tati – como é conhecida Tatiana por todos ao amigos – é sua amiga?” Ela disse: “Não, Tati não é minha amiga, mas a melhor amiga!” E esta forte amizade se manifestou num momento de profundo sentimento de dor para Tati que, ao perder o pai, Roberto Tibúrcio, recebia, entre lágrimas, o abraço afetuoso da amiga Lila, que passou todo aquele dia ao seu lado, num sentimento de solidariedade e amor. Este artigo é dedicado à amizade de Lila e Tati, que me mostraram que eu preciso olhar cada vez mais para os valores desta nova geração. Eles existem e nos encantam!

Eu e a minha filha

Eu e a minha filha
Dia do casamento